sábado, 11 de outubro de 2008

Minha primeira influência

Solange Soares


Quando meus pais se casaram, minha mãe não sabia nada de cozinha. Minha vó escreveu um caderno de receita para a filha não passar vergonha, mais básico impossível! Café, arroz, feijão, bife, batata frita... e por aí vai! Os filhos chegaram e ela resolveu parar de estudar e trabalhar.

Minha avó e minhas tias cozinhavam e cozinham muito bem! Minha mãe não ficou atrás! O caderninho da vovó não atendia mais. Eu me lembro como se fosse hoje da minha mãe em frente a TV assistindo ao programa da Ófelia e depois ia para cozinha testar as receitas. Além dos programas, revistas e recortes de jornal faziam parte do seu acervo.

As melhores e mais usadas já foram para o computador porque ela se atualizou, entrou na era da informática e até perfil no orkut tem! rs Só não se desfez das caixas com recortes de jornal, revistas, pedaços de papel e cardernos de receitas. Em alguns cadernos, consigo reconhecer a minha letra e a do meu irmão quando passavamos as receitas a limpo. Sua letra é linda e tentavamos sem sucesso imitá-la!

Extremamente organizada (quase TOC! rsrs), ela escrevia tudo muito bem detalhado com comentários, porções, substituições, novas idéias, para quem tinha feito, quem estava em casa no dia, de quem era a receita, data... Seus cadernos de receita eram seus diários!

Suas anotações variavam conforme o seu humor! Lemos algumas e morremos de rir! Quanta saudade! Eu pude resgatar tanta coisa. Em casa, a sala de estar e jantar sempre perderam lugar para a cozinha cheia de gente. Percebi como fui influenciado por ela, de onde vem e desde quando gosto de cozinha. Quem sabe não publico seus cadernos mais tarde? Algumas anotações serão censuradas! hahaha

A nostalgia foi tanta que pude sentir aquele aroma da cozinha lá de casa. Sem falar quando íamos para fazenda em Mutum, no interior da Minas Gerais... tudo plantado e colhido alí mesmo. Meu primeiro contato com os orgânicos! Não desgrudava do fogão de lenha. Sempre tinha um pãozim di quêjo ou um bolim di mí com cafezim quentim.

Quando não estava a fim de cozinhar, a Ivonete, uma figura que trabalhou lá em casa durante anos, entrava em ação. Ela também cozinhava muito bem e deixava algumas coisas prontas. A noite quando a preguiça falava mais alto, as sobras do almoço viravam um maravilhoso mexidão e para não sujar nada, comíamos na panela com três colheres em frente a TV. Se parar para imaginar não é uma cena agradável mas nas minhas memórias é uma cena que guardo com muito carinho.

Estive aqui no mês passado e não cozinhei nada! O Tiago estava aqui, depois de 4 meses no interior da Angola, com saudades a comidinha da mamãe e eu também mas dessa vez não tive como escapar...

Fomos para a cozinha e a minha dieta...

* Badejo a belle muniere e arroz de brócolis
* Risoto de camarão
* Confit de tomate
* Redução de pimentão e laranja para salada verde
* Conserva de pimentões vermelhos e amarelos
* Caponata

Infelizmente esqueci minha câmera no Rio e não pude fotografar mas as receitas, eu postarei!

3 comentários:

Michele Maia disse...

Que linda história!
A minha é justamente o contrário. Minha mãe não aprecia em nada cozinhar, mas eu adoro tudo que ela faz. Acho que o amor de mães e filhos é que é o maior segredo do tempero!
Esse blog é mesmo um vício.
Estou amando!
Beijos

Anônimo disse...

Você não puxou o TOC da mamãe, né?!
Não era para contar sobre o mexidão! Acabou com a minha reputação! rsrs
Estou muito feliz por todas as suas novas conquistas! Boa sorte! Sucesso!
Te amo muito!
Beijo

Vinicius Fracaccio disse...

Tens na mão uma essência da gastronomia que é incrível. Ser perceptivo e ter o bom senso quanto aos alimentos e as transformações que nós cozinheiros aplicamos a eles é algo único. Gostei do teu blog, do teu estilo de cozinhar e preciso falar também que você "surripiou" vários post que eu tenho que escrever mas ainda não sairam do tópico e das pesquisa... rsrs. Bacana guri.. E parabéns